(...) Misturado com a política, o direito, sobretudo o direito penal, já não se realiza através da justiça mas sim através de uma espécie de vingança social. A justiça já não se alcança pelas decisões justas (adequadas e proporcionais à culpa e à gravidade) dos ilícitos imputados mas sim pela execração pública dos arguidos. Com inquietante frequência, vemos multidões à porta dos tribunais prontas para «justiçar» meros suspeitos e, pior do que isso, aí estão as turbas igualmente fanáticas nos órgãos de informação e na blogosfera a cometer verdadeiros assassínios de carácter sobre pessoas indefesas, muitas delas inocentes ou, pelo menos, em relação às quais não foi sequer formulado um veredicto de culpabilidade.
Por tudo isso, convém recordar que o estado de direito democrático só será democrático se for de direito e só será de direito se os princípios que regem o funcionamento da Justiça não forem derrogados pelas conveniências da luta político-partidária (...)
Marinho Pinto-JN
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